segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Barroco em Portugal
O barroco em Portugal desenvolve-se entre 1580 e 1756. Em 1580 Portugal perde sua autonomia como país, passando a integrar o reino da Espanha. Em 1756 funda-se a Arcádia Lusitana – uma academia poética -, e tem início um novo estilo: o Arcadismo.
Introdução Histórica
Ao contrário do resto da Europa (onde se vivia um forte sistema político absolutista) o Barroco português não se inicia em 1600. Portugal encontra-se nesta época em profunda crise de catapora, econômica e de identidade social; provocada principalmente pela perda do trono para Felipe II de Espanha. A nobreza abandona as cidades, saindo para o campo, levando pequenas cortes consigo, desta forma tentando preservar a identidade sócio-cultural portuguesa. Fechados as Chãs. O Barroco como estilo arquitectónico exige dinheiro que Portugal, após a perda do Brasil para os holandeses, não tinha. A economia não era sustentável porque grande parte da riqueza nacional baseava-se no ouro e nas pedras vindas do Brasil, com as quais se comprava todos os bens de consumo que não eram produzidos no país. Só no fim do século XVII a crise económica do país melhora, remetendo, no entanto, para uma situação semelhante à do reinado de D. Manuel. Na continuação da corrente absolutista vivida já no resto da Europa, D. Pedro II depõe o irmão D. Afonso VI, alegando-o incapaz de governar e de gerir o reino.

Barroco no Brasil
O barroco, no Brasil, foi introduzido no início do século XVII pelos missionários católicos, especialmente jesuítas, que trouxeram o novo estilo como instrumento de doutrinação cristã. O poema épico Prosopopéia (1601), de Bento Teixeira, é um dos seus marcos iniciais. Atingiu o seu apogeu na literatura com o poeta Gregório de Matos e com o orador sacro Padre Antônio Vieira, e nas artes plásticas seus maiores expoentes foram Aleijadinho, na escultura, e Mestre Ataíde, na pintura. No campo da arquitetura esta escola floresceu notavelmente no Nordeste, mas com grandes exemplos também no centro do país, em Minas Gerais, Goiás e Rio de Janeiro. Na música, ao contrário das outras artes, sobrevivem poucos mas belos documentos do barroco tardio. Com o desenvolvimento do neoclassicismo a partir das primeiras décadas do século XIX a tradição barroca, que teve uma trajetória de enorme vigor no Brasil e foi considerada o estilo nacional por excelência, caiu progressivamente em desuso, mas traços dela seriam encontrados em diversas modalidades de arte até os primeiros anos do século XX.
CARACTERÍSTICAS DO BARROCO
O Barroco foi um período estilístico e filosófico da História da sociedade ocidental, ocorrido desde meados do século XVI até ao século XVIII. Foi inspirado no fervor religioso e na passionalidade da Contra-reforma. Didaticamente falando, o Período barroco, vai de 1580 a 1756.
O termo "barroco" advém da palavra portuguesa homónima que significa "pérola imperfeita", ou por extensão jóia falsa. A palavra foi rapidamente introduzida nas línguas francesa e italiana.

a) CULTISMO ou GONGORISMO – É o jogo de palavras; é o rebuscamento da forma, é a obsessão pela linguagem culta, erudita, por meio de inversão da frase (hipérbato), do uso de palavras difíceis.
É o abuso no emprego de figuras de linguagem, especialmente a metáfora, a antítese e o hipérbato.
O principal cultista do barroco mundial foi o espanhol Luiz de Gôngora. No Brasil, Gregório de Matos.

b) CONCEPTISMO – É o aspecto construtivo do Barroco, voltado para o jogo das idéias e dos conceitos.
É a preocupação com as associações inesperadas, seguindo um raciocínio lógico, racionalista.
O principal conceptista do barroco mundial foi o espanhol Francisco de Quevedo. No Brasil, padre Antônio Vieira.

c) TEOCENTRISMO x ANTROPOCENTRISMO – O rebusca-mento da arte barroca é reflexo do dilema em que vivia o homem do seiscentismo (os anos de 1600). Daí as preferências por temas opostos: espírito e matéria, perdão e pecado, bem e mal, céu e inferno. Tudo isso gerava a preocupação com a brevidade da vida (carpe diem)
António Vieira
António Vieira (Lisboa, 6 de fevereiro de 1608 — Bahia, 18 de Julho de 1697) foi um religioso, escritor e orador português da Companhia de Jesus. Um dos mais influentes personagens do século XVII em termos de política, destacou-se como missionário em terras brasileiras. Nesta qualidade, defendeu infatigavelmente os direitos humanos dos povos indígenas combatendo a sua exploração e escravização. Era por eles chamado de "Paiaçu" (Grande Padre/Pai, em tupi).
António Vieira defendeu também os judeus, a abolição da distinção entre cristãos-novos (judeus convertidos, perseguidos à época pela Inquisição) e cristãos-velhos (os católicos tradicionais), e a abolição da escravatura. Criticou ainda severamente os sacerdotes da sua época e a própria Inquisição.
Na literatura, seus sermões possuem considerável importância no barroco brasileiro e português. As universidades frequentemente exigem sua leitura.
Gregório de Matos
Gregório de Matos e Guerra (Salvador, 23 de dezembro de 1636[1] — Recife, 26 de novembro de 1695),[2] alcunhado de Boca do Inferno ou Boca de Brasa, foi um advogado e poeta do Brasil Colônia. É considerado o maior poeta barroco do Brasil e o mais importante poeta satírico da literatura em língua portuguesa, no período.[3]
Gregório de Matos
Gregório de Matos e Guerra (Salvador, 23 de dezembro de 1636[1] — Recife, 26 de novembro de 1695),[2] alcunhado de Boca do Inferno ou Boca de Brasa, foi um advogado e poeta do Brasil Colônia. É considerado o maior poeta barroco do Brasil e o mais importante poeta satírico da literatura em língua portuguesa, no período.[3]

Biografia
Gregório nasceu numa família com o poder financeiro alto em comparação a época, empreiteiros de obras e funcionários administrativos (seu pai era português, natural de Guimarães). Legalmente, a nacionalidade de Gregório de Matos era portuguesa, já que o Brasil só se tornaria independente no século XIX.
Em 1642 estudou no Colégio dos Jesuítas, na Bahia. Em 1650 continua os seus estudos em Lisboa e, em 1652, na Universidade de Coimbra onde se forma em Cânones, em 1661. Em 1663 é nomeado juiz de fora de Alcácer do Sal, não sem antes atestar que é "puro de sangue", como determinavam as normas jurídicas da época.
Em 27 de Janeiro de 1668 teve a função de representar a Bahia nas cortes de Lisboa. Em 1672, o Senado da Câmara da Bahia outorga-lhe o cargo de procurador. A 20 de Janeiro de 1674 é, novamente, representante da Bahia nas cortes. É, contudo, destituído do cargo de procurador.
Em 1679 é nomeado pelo arcebispo Gaspar Barata de Mendonça para Desembargador da Relação Eclesiástica da Bahia. D. Pedro II, rei de Portugal, nomeia-o em 1682 tesoureiro-mor da Sé, um ano depois de ter tomado ordens menores. Em 1683 volta ao Brasil.
Frontispício de edição de 1775 dos poemas de Gregório de Matos.
O novo arcebispo, frei João da Madre de Deus destitui-o dos seus cargos por não querer usar batina nem aceitar a imposição das ordens maiores, de forma a estar apto para as funções de que o tinham incumbido.
Começa, então, a satirizar os costumes do povo de todas as classes sociais baianas (a que chamará "canalha infernal"). Desenvolve uma poesia corrosiva, erótica (quase ou mesmo pornográfica), apesar de também ter andado por caminhos mais líricos e, mesmo, sagrados.
Entre os seus amigos encontraremos, por exemplo, o poeta português Tomás Pinto Brandão.
Em 1685, o promotor eclesiástico da Bahia denuncia os seus costumes livres ao tribunal da Inquisição (acusa-o, por exemplo, de difamar Jesus Cristo e de não mostrar reverência, tirando o barrete da cabeça quando passa uma procissão). A acusação não tem seguimento.
Entretanto, as inimizades vão crescendo em relação direta com os poemas que vai concebendo. Em 1694, acusado por vários lados (principalmente por parte do Governador Antônio Luís Gonçalves da Câmara Coutinho), e correndo o risco de ser assassinado é deportado para Angola.
Como recompensa de ter ajudado o governo local a combater uma conspiração militar, recebe a permissão de voltar ao Brasil, ainda que não possa voltar à Bahia. Morre em Recife, com uma febre contraída em Angola. Porém, minutos antes de morrer, pede que dois padres venham à sua casa e fiquem cada um de um lado de seu corpo e, representando a si mesmo como Jesus Cristo, alega "estar morrendo entre dois ladrões, tal como Cristo ao ser crucificado".
O lírico, lírico amoroso, satírico.
“Eu sou aquele, que passados anos
cantei na minha lira maldizente
torpezas do Brasil, vícios, e enganos”
Esse era Gregório de Matos Guerra, o “Boca do Inferno”. Com seu espírito crítico, satirizava políticos, comerciantes, clero, colonizadores e até mesmo o povo. Para isso, usava palavrões e um vocabulário bem baixo em suas obras.
Nasceu supostamente em 7 de abril de 1633 na Bahia e morreu em Recife em 1696. Veio de uma família rica que possuía dois engenhos de cana-de-açúcar e 130 escravos.
Educou-se em casa e no colégio jesuíta. Formou-se em Direito na Universidade de Coimbra e lá exerceu a profissão sendo, inclusive, juiz de órfãos.
Em 1681, quando voltou para o Brasil, foi vigário-geral e tesoureiro-mor, porém, durante este período recusou-se a usar a batina e denunciou injustiças da Ordem em que servia. Por causa disso, o Bispo ordenou seu afastamento.
Escreveu poesia lírica, satírica e religiosa. Suas poesias satíricas possuem um ótimo material do ponto de vista sociológico e lingüístico (já que o autor usava um vocabulário bem popular). Nelas o escritor narra episódios da vida popular, cotidiana e política. Através delas podemos conhecer melhor a sociedade da época (período colonial).
A poesia lírica de Gregório de Matos também é muito boa e pode ser dividida em:
- Poesia lírico-amorosa
- Poesia lírico-filosófica
- Poesia lírico-religiosa
POESIA LÍRICO-AMOROSA
Características
- O amor é retratado como fonte de prazer e sofrimento
- A mulher é retratada como um anjo e fonte de perdição (pois desperta o desejo carnal)
TEXTO
Rompe o Poeta com a Primeira Impaciência Querendo Declarar-se e Temendo Perder Por Ousado

Anjo no nome, Angélica na cara,
Isso é ser flor, e Anjo juntamente,
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, se não em vós se uniformara?
Quem veria uma flor, que a não cortara
De verde pé, de rama florescente?
E quem um Anjo vira tão luzente,
Que por seu Deus, o não idolatrara?
Se como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu custódio, e minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo, que tão bela, e tão galharda,
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
Vocabulário
Uniformar: tornar uniforme, com uma só forma
Galharda: elegante
POESIA LÍRICO-RELIGIOSA
Características
- O autor está dividido entre pecado e virtude (sente culpa por pecar e busca a salvação)
- O autor vê o pecado como um erro humano, mas também, como a única forma de Deus cometer o ato do perdão.
- O eu-lírico, muitas vezes, se comporta como advogado que faz a própria defesa diante de Deus (para tal, usava, até mesmo, trechos da Bíblia)
TEXTO

Ao mesmo assunto e na Mesma Ocasião
Pequei Senhor: mas não porque hei pecado,
Da vossa Alta Piedade me despido:
Antes, quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida, já cobrada,
Glória tal, e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História,
Eu sou, Senhor, ovelha desgarrada;
Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória

Vocabulário
Despido: despeço
Sobeja: sobra
Cobrada: recuperada
POESIA LÍRICO-FILOSOFICA
Características
-Pessimismo
-Angústia diante da vida
-Temas abordando o desconcerto do mundo e a instabilidade dos bens materiais
TEXTO

Moraliza o Poeta nos Ocidentes do Sol a Inconstância dos Bens do Mundo
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
Vocabulário:
Pena: dor, sofrimento
Gregório de Matos foi o maior nome do Barroco brasileiro. Casou-se e pouco tempo depois abandonou a mulher e a carreira de advogado para ser repentista no Recôncavo Baiano.
Em uma de suas sátiras ofendeu o governador da Bahia – Antonio Luis da Câmara Coutinho – e foi preso e exilado para Angola. Teve autorização para voltar para o país (mas não para a Bahia), foi para Recife e morreu em 1696.
A obra de Gregório de Matos foi publicada pela Academia Brasileira de Letras cerca de 230 anos depois da sua morte. Por causa disso, muitos de seus poemas se perderam e muitos textos que levam o seu nome são de autoria duvidosa, já que Gregório de Matos teve muito imitadores anônimos.

OBRAS DE GREGÓRIO DE MATOS

MANUSCRITOS – Enquanto viveu, seus poemas circulavam de mão em mão, de forma manuscrita, ou de boca em boca, no aspecto oral.

OBRAS PUBLICADAS – As obras de Gregório de Matos somente foram publicadas no século XX, entre 1923 e 1933, pela Academia Brasileira de Letras, em seis volumes:

I. Sacra
Contém todos os poemas religiosos.

II. Lírica
Contém todos os poemas lírico-amorosos.

III. Graciosa
Contém poemas que exploram o humor.

IV e V. Satírica
Contém todos os poemas que exploram a sátira.

VI. Última
Contém poemas misturados.

Conclusão você faz Jonara

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Eros e psique

Os gregos costumavam imaginar o seu deus do amor, Eros, na forma de um rapaz com asas, tendo por arma um arco e flechas. Rebatizado pelos romanos como Cupido, manteve-se pequeno ao lonto dos séculos, até que na arte renascentista se tornou num miúdo bochechudo que dificilmente parecia ter força suficiente para vergar o arco e disparar flechas. Na história de Eros e Psique, contado pelo escritor romano Apuleio, o deus toma a forma de um rapazinho, para não ser suficientemente crescido que tivesse de ser independente da mãe Afrodite (Vênus).
Os deuses do Olimpo eram sempre rápidos a punir a arrogância de qualquer mortal que ousasse exigir igualdade a um deus. Os contos de humanos tolos e arrogantes terminam quase sempre mal para eles, mas o mito de Eros e Psique é uma exceção a esta regra, já que a tola princesa teve de suportar penas e sofrimentos antes de finalmente ter um fim feliz.
Talvez a sua história termine bem porque não foi a própria Psique que ousou comparar a sua beleza com a de uma deusa, mas sim os orgulhosos pais, que declararam que a filha mais nova era mais bonita que a deusa do amor, Afrodite. Ainda pior, todas as pessoas da Grécia e das terras à volta começaram a deslocar-se ao palácio de Psique para a adorar, enquanto os templos de Afrodite estavam vazios. Então a deusa pediu ao filho, Eros, para punir a rapariga ferindo seu coração com a sua flecha, de modo que ela se perdesse de amores por um miserável desprezível e tivesse um casamento infeliz. Entretanto, Psique estava triste por as pessoas a tratarem como uma deusa e ninguém ser suficientemente corajoso para a amar como a uma mulher e casar com ela. Ambas as irmãs mais velhas casaram, mas Psique continuava em casa, infeliz e solitária.
À medida que o tempo passava e não aparecia ninguém para cortejar a filha, o rei começou a preocupar-se. Perguntou então ao oráculo de Apolo onde poderia encontrar um marido para sua filha solitária. A resposta do oráculo foi aterradora. Psique devia ser vestida de noiva e levada para o cume de uma montanha. O seu marido não seria um mortal mas um monstro cheio de veneno, uma criatura suficientemente poderosa para lutar mesmo com o maior dos deuses, o próprio Zeus (Júpiter).
Psique e os pais andaram até ao cimo da montanha chorando, como se estivessem indo ao funeral em vez do seu casamento. Todos sabiam que ela estava a ser punida por Afrodite, mas não havia nada que pudessem fazer para acalmar a ofendida deusa. Eles tiveram de afastar-se de Psique enquanto ela aguardava aterrorizada, no cimo da montanha, a chegada do monstro.
Ela tinha o corpo tenso na expectativa de um ataque, mas, em vez disso, uma brisa suave soprou as suas roupas até que seus pés se elevaram, sendo suavemente transportada até o sopé da montanha. Aí viu um palácio maravilhoso, tão magnífico que ela calculou logo que pertencia aos deuses. Todo ele parecia estar vazio, mas ela ouvia vozes agradáveis e sentia mãos invisíveis que iam buscar comida e bebida e tocavam música suave para ela. Não havia quaisquer sinais do monstro e acabou por ir para a cama a pensar onde estaria o marido. A meio da noite foi acordada por alguém – uma pessoa, não um monstro - que subia para a cama. Era o marido, mas ela não conseguiu vê-lo devido à escuridão. Partiu enquanto ainda estava escuro e todas as noites ele voltava à cama no meio da escuridão para voltar a partir antes do dia nascer. Psique começava a sentir-se apaixonada por alguém que nunca tinha visto.



Psique perde o marido


Afrodite e Ares

Uma noite, ele avisou Psique de que as irmãs dela estavam prestes a subir a montanha para a encontrarem viva ou morta. Ele implorou-lhe para ela não lhes dar atenção, mas, quando Psique ouviu as irmãs a chamá-la e a chorar, não pôde deixar de pedir ao vento que as soprasse gentilmente ao palácio. As duas irmãs ficaram cheias de inveja quando viram todas as jóias de Psique e as suas roupas ricas e todos os tesouros do palácio, e no dia seguinte voltaram para descobrir se havia alguma forma de magoarem Psique e de lhe darem cabo do casamento.
- Como é teu marido?, perguntavam elas constantemente e, por fim, Psique teve de admitir que nunsca o tinha visto.
- Ele é um monstro!, exclamaram elas – É por isso que nunca teve coragem para te mostrar a cara. Agora te estás grávida e toda a gente sabe que a comida preferida de um monstro é a mulher grávida. Ele só está à espera que o teu bê be cresça dentro de ti para depois vos comer aos dois. Tens de o matar antes que ele te mate. Utiliza uma lamparina para o veres e corta-lhe a cabeça com uma faca!.
Psique acreditou em tudo o que as irmãs lhes disseram. Encontrou uma lamparina e uma faca e escondeu ambas juntas à cama. Nessa noite, quando o marido adormeceu, ela acendeu a luz e viu-lhe o corpo pela primeira vez. Ao lado dela estava deitado o deus do amor, na forma de um homem, mas mais belo que todos os mortais. Perto dele estava o arco e as flechas, e Psique arranhou numa delas quando se curvou para o beijar. A ferida da flecha assegurou que ela amaria Eros até o fim da sua vida.
Psique estava prestes a beijá-lo quando a lamparina inclinou e uma gota de óleo a arder caiu no ombro de Eros e o acordou. Ele saltou da cama e começou a afastar-se voando, mas Psique conseguiu segurar-se a ele, pelo que a transportou para fora do palácio pela colina. Ela não pôde sergurá-lo por mais tempo e caiu no chão. Eros disse-lhe que ele tinha de voltar para junto da mãe para sarar o ombro queimado. Afrodite ficou furiosa quando soube que, em vez de atormentar Psique, o filho tinha se apaixonado e casado com ela. Se ao menos a tola tivesse sabido guardar silêncio, o filho nasceria como um deus, mas agora ela teria muita sorte em permanecer viva até o bêbe nascer, visto que ele não podia protegê-la contra a raiva de Afrodite. E depois ele partiu voando pela noite.



As Tarefas de Psique



Psique sentia-se tão miserável e com tanto medo de Afrodite que tentou atirar-se a um rio, mas o deus rio reconheceu-a como a noiva de Eros e não a deixou morrer. Depois pediu ajuda a Hera (Juno), a deusa do amor matrimonial e a Deméter (Ceres), que conhecia a dor de perder uma filha, Perséfone, mas nenhuma destas deusas estava disposta a ofender Afrodite ajudando Psique.
Finalmente, Afrodite encontrou Psique e começou logo a puni-la, açoitando-a. Depois decidiu atormentar a pobre rapariga com tarefas que não podiam ser desempenhadas, de modo a ter intermináveis desculpas para voltar a bater-lhe. Primeiramente, Afrodite pegou em mãos cheias de grãos e feijões e sementes de papoulas e misturou tudo. Depois atirou a mistura para o chão e mandou Psique separá-los até cair a noite. Se falasse seria chicoteada. Psique começou por fazer um pequeno monte de grãos de milho, mas passados alguns minutos constatou que seria impossível separar todas as sementes até ao anoitecer. Começou a chorar, mas, em seguida, reparou numa formiga correndo tão depressa quanto podia pela terra chamando todas as outras formidas dentro do palácio:
- A noiva de Eros está aqui e precisa de ajuda.
Imediatamente todas as formigas do palácio da deusa correram para as sementes e começaram a transportá-las fazendo pilhas separadas. Ao anoitecer, a tarefa estava concluída.
- Tu deves ter tido alguma ajuda, tu criatua astuta. Reclamou a deusa – Mas não penses que consegues escapar à minha ira tão facilmente. Amanhã quero que vás para os campos onde pastam os carneiros de ouro e que apanhes uma mão cheia de dourada.
Essa tarefa pareceu ser fácil, mas de manhã, quando Psique se dirigia para o campo pôde ver que todos tinham enormes chifres aguçados. Ela tinha de atravessar um pequeno ribeiro para chegar ao rebanho e, quando parou aí hesitante, uma cana do riacho disse-lhe:
- Psique, se atravessares agora as águas, morrerás. Os carneiros vão usar os chifres contra ti e, se isso não te matar, há ainda os dentes deles que são venenosos. Mas estes carneiros são só perigosos durante o dia, quando o seu tosão dourado fica muito quente com o Sol e os enraivece. Espera até que seja noite, altura em que estarão calmos e pacíficos. Nessa altura poderás andar entre eles em segurança e apanhar a lã que está agarrada a espinhos e silvas.
Nessa noite, Afrodite ficou ainda mais furiosa com Psique.
- Seguramente algum deus malévolo tem andado a ajudar-te. - Resmungou ela, e Psique recordou como Siringe, a amada de tinha sido tranformada numa cana. Talvez tenha sido um grande deus que a tenha ajudado, disfarçado de cana. Afrodite não tardou a encontrar outra punição para Psique.
- Na nova tarefa vai ser mais difícil encontrares quem te ajude, pois até os deuses têm receio do rio da morte. Tu tens de ir ao Rio Estige e de me trazeres água da sua nascentes, no cimo das monstanhas, de onde ela cai da escarpa antes de penetrar no mundo dos mortos. Quero que me traga água do meio do rio, não das margens.
Psique compreendeu muito bem que a intenção da deusa era matá-la quando chegou à escarpa e à queda de água e viu que havia dragões a guardar ambas as margens do rio, voltou a pensar em matar-se, mas a águia de Zeus reparou na chegada dela e quando Psique preparava-se para correr para os dragões, voou na sua direção para a ajudar. Ele recordou a ocasião em que Eros o tinha ajudado, quando Zeus tinha ordenado para ele raptar o belo rapaz Ganimedes e levá-lo para o Olimpo para ser copeiro dos deuses. A enorme águia deitou a jarra da mão de Psique e levou-a para o meio do rio tendo-a trazido em seguida cheia de água escura.


Descida ao Mundo dos Mortos



Afrodite continuava furiosa. Por certo todos os deuses estavam a conspirar contra ela, mas ela pensou numa tarefa que iria conduzir Psique à morte, fosse quem fosse que a ajudasse. A regra do mundo dos mortos, fosse para os gregos como para os povos da Mesopotâmia, era que todos os vivos podia lá ir mas não poderiam voltar. Afrodite ordenou a Psique que descesse ao mundo dos mortos para visitar a sua rainha Perséfone (Prosérpina) e lhe dissesse para dar alguma da sua beleza a Afrodite.
Mais uma vez Psique pensou em pôr termo à vida, pois essa seria a forma mais rápida de descer ao mundo dos mortos; ela não conseguia ver nenhuma possibilidade de lá ir e voltar viva. Começou a subir os degraus de uma alta torre, de onde saltaria para a morte, quando começou a ouvir a torre a falar com ela:
- Psique, não desesperes. Tu podes ir viva ao mundo dos mortos e regressar viva, desde que faça o que te digo. Tens de levar dois bolos de cevada e duas moedas, visto que Caronte, o barqueiro do Rio Estige, não atravessa ninguém sem pagamento, e também o cão das três cabeças, Cérbero, que faria em bocados quem tentasse passar sem lhe dar de comer. Tens de ignorar todos os que te pedirem ajuda. Só podes comer pão e beber água, e mesmo que te ofereçam um trono para te sentares, tens de sentar no chão. Se fizeres todas essas coisas, Perséfone entregar-te-á uma caixa de beleza e tu poderás regressar ao mundo dos vivos, dando ao Cérbero o segundo bolo de cevada e dando a Caronte a segunda moeda. Lembra-te que não pode abrir a caixa, pois não é sensato descobrir o segredo do mundo dos mortos.
Psique correu estrada abaixo a caminho do mundo dos mortos e não tardou a encontrar Caronte com o seu barco. No caminho, um homem esforçava-se por carregar um burro de madeira e pediu a Psique que o ajudasse a atar a carga em segurança, mas ela lembrou-se da recomendação da torre e afastou-se dele. Enquanto Caronte remava para que ela atravessasse o Estige, Psique viu um velho afogar-se e ouviu ele a chamá-la, mas deixou-se ficar sentada no barco e não o ajudou. Ela continuava a avançar e Afrodite a mandar mais e mais vítimas para tentarem Psique, mas mesmo quando Psique viu crianças a morrer, recordou que tinha que ignorar. Eram apenas fantasmas enviados pela deusa para fazerem com que Psique deixasse cair os bolos de cevada que tinha na mão. Por fim, ela viu Cérbero de pé na rua, rosnando-lhe com cada uma das suas três bocas e ela atirou-lhe um dos bolos. Agora ela estava perto do palácio de Perséfone e de Hades e a deusa estava à espera para lhe entregar a caixa da beleza.
Mas ainda havia mais um teste. A torre tinha-a avisado para não abrir a caixa, mas quando ela já regressava ao mundo dos vivos, dando o segundo bolo de cevada a Cérbero e a Caronte a segunda moeda, ela pôs-se a imaginar-se de novo com Eros, e desejou tirar um pouco da beleza de Perséfone para si própria. Abriu a caixa e descobriu que estava vazia, à exceção do ar do mundo dos mortos. Quando ela inspirou profundamento, caiu no chão, prestes a morrer.
Eros lançou-se em vôo e soprou para afastar o ar letal. O ombro ferido estava curado e ele estava pronto a desafiar a mãe e garantir que Psique se tornasse deusa e o filho, ainda por nascer, seria um deus. Levou Psique para o Olimpo onde Zeus lhe deu ambrósia, a comida dos deuses que tornava imortais as pessoas que a comessem. Tal como o marido, Psique tinha agora asas, mas as delas eram como as das borboletas e não como penas como as de Eros. Tal como uma lagarta deixa sua vida terrestre e familiares e emerge mais tarde como uma borboleta que se desloca nos ares, também Psique deixou a sua vida como princesa entre os seres humanos e tornou-se uma deusa do Olimpo.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Pierce Annesley Chamberlain

Pierce Annesley Chamberlain (São Paulo, 1 de abril de 1872Verona, 22 de novembro de 1929) foi um pastor presbiteriano, último dos missionários da Igreja Presbiteriana do Norte dos Estados Unidos. Era filho do reverendo George Whitehill Chamberlain e de Mary Ann Annesley Chamberlain.
Foi batizado pelo reverendo
George Nash Morton em 5 de maio de 1872 e, alguns anos depois, segui com a família para os Estados Unidos. Graduou-se na Universidade Princeton e foi ordenado pelo Presbitério de Chicago, do Sínodo de Illinois.
O reverendo Pierce Chamberlain retornou ao Brasil para servir como missionário. Chegou à
Bahia em 1º de outubro de 1899. Trabalhou, primeiro, na escola da missão presbiteriana em Salvador, sob a coordenação do reverendo William Alfred Waddell. No ano seguinte, iniciou seu trabalho como missionário itinerante, passando pela Ilha de Itaparica, Cachoeira e Santa Luzia. De lá, passou a fixar residência em São Félix.
Em dezembro de
1900, passou a uma nova estratégia missionária: "começou a fazer extensas viagens através de seu futuro campo, indo pela estrada de ferro até Juazeiro e então subindo de barco pelo rio São Francisco e seus afluentes até Santa Maria da Vitória, no sudoeste da Bahia" (Matos, p. 160). Pierce interrompeu o ciclo de viagens missionárias em 1901, indo aos Estados Unidos para se casar com Julia B. Law.
Ao retornar ao Brasil, "em 1903, saindo a cavalo de Senhor do Bonfim, Pierce chegou ao Canal de Irecê, tendo pregado em todas as localidades do percurso: Campo Formoso, Saúde, Caldeirão Grande, Jacobina, Miguel Calmon, França, Morro do Chapéu e outros pontos" (Matos, p. 161). Foi numa destas viagens a
Morro do Chapéu que conheceu o coronel João Dourado (1854-1927), que veio a se converter e ser batizado. Depois disso, o coronel João Dourado tornou-se um grande evangelista leigo na região, sendo pai e avô de dois pastores presbiterianos, Augusto da Silva Dourado e Adauto Araújo Dourado, respectivamente.
Numa ocasião em que dirigia um culto (co-celebrado pelo reverendo
Henry John McCall) em Bom Jesus da Lapa, a casa foi invadida por um grupo de homens que arremessava pedras no telhado, dizendo impropérios contra os protestantes. Pierce chegou a ficar ferido na ocasião. Segundo Alderi Matos, "em vão apelou-se para a polícia, que nem se moveu. Até as casas dos assistentes aos cultos foram apedrejadas" (Matos, p. 162).
Em
7 de janeiro de 1907, também em companhia do reverendo Henry McCall, participou da organização do Presbitério Bahia-Sergipe, em Salvador. De lá, partiu para os seus últimos meses de viagem missionária.
Por causa de um
carcinoma no lábio superior, Pierce retornou aos Estados Unidos em janeiro de 1909. O tratamento da doença fez com que ficasse na terra de seus pais até o fim de sua vida. Filiou-se ao Presbitério de Newark, em Nova Jérsei, residindo em Verona até falecer, em 22 de novembro de 1929, de câncer, a exemplo de seu pai.

terça-feira, 31 de março de 2009

Respostas

Roteiro para reflexão:


Com que intenção os personagens queriam manter o fogo?
Eles queriam manter o fogo com toda a atenção do mundo pos
não sabiam fazer fogo.

Como era a alimentação e a habitação destes homens?
A alimentação era atraves de carnes e folhoas.

Que tipo de atividades econômicas aparecem no filme?
A produçao de armametos---> (lança).

Aparece alguma espécie de arte no filme, se aparece, qual ou quais?
A fabricação de lansas com pontas escupidas de pedras e o fogo.

Que personagem passa de um estado de relações de dominância a um estado de relações emocionais descobrindo o amor?
O personagem prisipau que é o que se dispois ir em busca do fogo

Descreve um momento que indique que os personagens se apaixonaram.
O momento que ele vouto para fica cheirano "as palhas que usou para dormir

quinta-feira, 26 de março de 2009

Atividade filosófica avaliativa

A razão, significa entre muitas coisas, um esforço, uma capacidade, uma habilidade, conquistada ou simplesmente recebida da natureza, para assimilar, refletir e explicar os eventos naturais externos e internos a cada um em particular, e a todos de maneira geral. Tanto na história mítica, A caixa de Pandora quanto no filme A guerra do fogo, o elemento fogo é tomado como conhecimento, mais do que isso, um conhecimento nascente, um despertar para a verdadeira natureza do ser humano – a razão.
Como você percebe a relação entre o mito e o filme, considerando o fogo como metáfora do próprio conhecimento racional? Adote um ponto de vista sobre essa questão e defenda-o com argumentos dissertando um texto de uma a duas laudas.
Observação:
No texto, não esquecer-se de atribuir um título; estruturá-lo com início, desenvolvimento e conclusão.
O texto deverá ser realizado em dupla nas aulas do componente curricular Filosofia, dos dias 30 e 31/03;
Terá uma folha de freqüência em que todos os presentes deverão assinar;Será atribuída uma nota para a produção.


Boas produções!!

Saudações filosóficas!!

quarta-feira, 25 de março de 2009

Origem da caixa de pandora

Pandora era a filha primogênita de Zeus que, aos 9 anos de idade, recebeu de presente de seu pai o colar usado por Prometeu que foi retirado dele ao pagar a sua pena por roubar o fogo dos deuses. Pandora, então, arranjou uma caixa para pôr seu colar, a mesma caixa em que ela guardou a sua mente e as lembranças de seu primeiro namorado, cujo nome era Narciso. A caixa podia apenas guardar bens de todo o tipo, com exceção de bens materiais. Como o colar era um bem material, ele se auto-destruiu. Para Pandora o colar tinha valor sentimental, o que a fez chorar por muitos dias seguidos sem parar. Como a caixa guardava lembranças com a intenção de sempre recordar-las ao "dono", Pandora sempre se sentia triste. Tentou destruir a caixa para ver se ela se esquecia do fato, mas não funcionou, a caixa era fruto de um grande feitiço, que a impedia de ser destruída. Pandora então, aos 36 anos, se matou. Não aguentou viver mais de 27 anos com aquela "maldição".

[editar] Caixa de Pandora

A caixa de Pandora é uma expressão muito utilizada quando se quer fazer referência a algo que gera curiosidade, mas que é melhor não ser revelado ou estudado, sob pena de se vir a mostrar algo terrível, que possa fugir de controle. Esta expressão vem do mito grego, que conta sobre a caixa que foi enviada com Pandora a Epimeteu.

Pandora foi enviada a Epimeteu, irmão de Prometeu, como um presente de Zeus. Prometeu, antes de ser condenado a ficar 30.000 anos acorrentado no Monte Cáucaso, tendo seu fígado comido pelo abutre Éton todos os dias,alertou o irmão quanto ao perigo de se aceitar presentes de Zeus.

Epimeteu, no entanto, ignorou a advertência do irmão e aceitou o presente do rei dos deuses, tomando Pandora como esposa. Pandora trouxe uma caixa (uma jarra ou ânfora, de acordo com diferentes traduções), enviada por Zeus em sua bagagem. Epimeteu acabou abrindo a caixa, e liberando os males que haveriam de afligir a humanidade dali em diante: a velhice, o trabalho, a doença, a loucura, a mentira e a paixão. No fundo da caixa, restou a Esperança (ou segundo algumas interpretações, a Crença irracional ou Credulidade). Com os males liberados da caixa, teve fim a idade de ouro da humanidade

A caixa de Pandora

Olá, queridos alunos e alunas, na aula de hoje, dia 23/03/09, sobre O nascimento da filosofia, falamos dos mitos A caixa de Pandora e de Adão e Eva. Uma das versões do primeiro mito está descrito abaixo, leiam com atenção e teçam comentários em relação à: De que maneira você tenta encontrar explicações aos eventos à sua volta? você os explica por meio da vontade das forças divinas ou por outras maneiras? Argumente a favor de suas resposta.


O MITO GREGO SOBRE A ORIGEM DO MAL: A CAIXA DE PANDORA

Sempre causou perplexidade aos filósofos e teólogos a existência do mal no mundo. Afinal se Deus é bom, justo, infalível e poderoso, como o mal pode surgir em sua obra e por que o mal parece ser tão difícil de ser suprimido? Essa indagação gerou os mais diversos mitos explicativos nas antigas tradições, como a saga de Seth e Osíris, no Egito, Ormuz e Ariman, na Pérsia, Adão, Eva e a serpente, entre os hebreus e o mito de Pandora entre os gregos. Embora sejamos herdeiros da tradição judaico-cristã e o mito de Adão e Eva tenha sido consagrado como verdade literal e absoluta pelos teólogos fundamentalistas judeus e cristãos, precisamos reconhecer a beleza e a profundidade do mito grego de Pandora, que é mais engenhoso e rico em nuances psicológicas. A estória começa com Prometeu , um dos titãs, escalando o Olimpo e roubando o fogo dos deuses para oferecer aos homens (o fogo do conhecimento?). Zeus, o rei dos deuses, furioso com tamanha ousadia, prendeu-o e o amarrou em um rochedo, onde um abutre vinha todos os dias comer-lhe o fígado, que se regenerava durante a noite, para ser comido novamente pelo abutre no dia seguinte. Esse mito sugere o sofrimento causado pela insaciedade do homem e, em outro nível, significa o longo e penoso ciclo de morte e renascimento, que os budistas denominam roda do Sansara. Zeus, porém, não satisfeito com a vingança desfechada contra o ladrão, resolveu vingar-se também de todos os homens beneficiários do fogo roubado por Prometeu. Então ordenou que Hefesto, o Deus-ferreiro do mundo subterrâneo, fizesse a mulher. Hefesto fez uma mulher belíssima chamada Pandora e a apresentou a Zeus antes de ela descer à superfície da Terra. Zeus, admirado com a obra de Hefesto, despachou Pandora para a Terra, mas antes lhe deu uma grande e belíssima caixa de marfim ornamentada fechada e também lhe deu a chave, dizendo-lhe: “Quando você se casar, ofereça esta caixa como dote ao seu marido, mas a caixa só pode ser aberta após seu casamento”. Em pouco tempo, Pandora conheceu Epimeteu, irmão mais novo de Prometeu e logo se casaram. A princípio, Pandora estava muito feliz com seu casamento e passava os dias cuidando da casa e do lindo jardim, tendo se esquecido da caixa. Porém Epimeteu viajava constantemente e, certa vez, ficou muito tempo longe de casa. Pandora sentia-se só e triste. Lembrou-se da caixa e foi até o canto onde estava guardada examiná-la curiosamente. Enquanto observava os lindos detalhes e adornos externos, Pandora pareceu ouvir pequenas vozes gritando lá de dentro e dizendo: “Deixe-nos sair!..Deixe-nos sair...”. Pandora não podia esperar mais. Foi correndo buscar a chave e imediatamente abriu a tampa da caixa. Para sua grande surpresa centenas de pequeninas e monstruosas criaturas, parecendo terríveis insetos, saíram voando lá de dentro, com um zumbido assustador. Muitas dessas horríveis criaturas a picaram na face e nas mãos e saíram em enxame pela janela, fazendo um barulho infernal. Logo a nuvem desses insetos cobriu o sol, e o dia ficou escuro e cinzento. Apavorada, Pandora fechou a caixa e sentou-se sobre a tampa. As picadas dos insetos doíam muito, mas algo mais a estava preocupando: Ela estava tendo toda a espécie de sentimentos e pensamentos sombrios e odiosos que nunca tivera antes. Sentiu raiva de si mesma por ter aberto a caixa. Sentiu uma grande onda de ciúme de Epimeteu. Sentiu-se raivosa e irritada. Percebeu que estava doente de corpo e de alma. Súbito pareceu-lhe ouvir outra vozinha gritando de dentro da caixa: “Liberte-me! Deixe-me sair daqui!”. Pandora respondeu rispidamente: “Nunca! Você não sairá ! Já fiz tolice demais em abrir essa caixa!” Mas a voz prosseguiu de dentro da caixa: “Deixe-me sair, Pandora! Só eu posso ajudá-la!” Pandora hesitou, mas a voz era tão doce, e ela se sentia tão só e desesperada, que resolveu abrir a caixa. De lá de dentro saiu uma pequena fada, com asinhas verdes e luminosas que clarearam um pouco aquele quarto escuro, aliviando a atmosfera que se tornara pesada e opressiva. “Eu sou a Esperança”, disse a fada. E prosseguiu: “Você fez uma coisa terrível, Pandora! Libertou todos os males do mundo: egoísmo, crueldade, inveja, ciúme, ódio, intriga, ambição, desespero, tristeza, violência e todas as outras coisas que causam miséria e infelicidade. Zeus prendeu todos esses males nessa caixa e deu a você e a seu marido. Ele sabia que você iria, um dia, abrir essa caixa. Essa é a vingança de Zeus contra Prometeu e todos os homens, por terem roubado o fogo dos deuses!” Chorando copiosamente, Pandora disse: “Que coisa terrível eu fiz! Como poderemos pegar todos esses males e prendê-los novamente na caixa?” “Você nunca poderá fazer isso Pandora!” Respondeu tristemente a fada da Esperança. “Eles já estão todos espalhados pelo mundo e não podem mais ser presos!” “Mas há algo que pode ser feito: Zeus enviou-me também, junto com esses males, para dar esperança aos sofredores, e eu estarei sempre com eles, para lembrar-lhes que seu sofrimento é passageiro e que sempre haverá um novo amanhã !” Em um ponto, o mito de Pandora é essencialmente diferente do mito de Adão e Eva. O mal que se propagou no mundo também faz parte de uma decisão de Zeus e não da intervenção de um adversário externo, como Satã, que tem planos e desígnios contrários ao Deus Supremo. Embora no constructo mitológico o surgimento dos males esteja descrito como uma “vingança de Zeus” está claro que foi uma Conseqüência de os homens se terem apropriado de um elemento divino – a autoconsciência e o conhecimento do bem e do mal, simbolizados pelo fogo dos deuses, mas ainda não estarem maduros para lidar com esse poderoso elemento, até então de posse exclusiva dos deuses. Os homens adquiriram uma faculdade de conhecimento até então exclusiva dos deuses e se tornaram potencialmente divinos, mas ainda eram primários e animalizados (nos mitos, este estágio da humanidade é representado pelos titãs ou pelos homens da Atlântida) para saberem lidar com essa força divina que agora existia em sua alma. Analogamente, podemos citar o fato de que os chimpanzés aprenderam a técnica de usar pedras para quebrar nozes, mas imaginem quantos males aconteceriam na floresta se eles aprendessem a fabricar dinamite. O homem físico não passa de um chimpanzé ligeiramente aperfeiçoado, dotado de uma centelha de consciência que pertence à ordem divina do Universo. Essa coexistência entre nossa natureza animal e nossa natureza divina é a causa de todos os males, pois o conflito é inevitável enquanto a natureza divina ainda não “domou” e “domesticou” totalmente a natureza animal. No mito de Adão e Eva, parece que existe uma possibilidade de se evitar o pecado e a queda, enquanto no mito grego essa inevitabilidade é evidente: Uma vez que Prometeu roubou o fogo dos deuses, as conseqüências viriam inevitavelmente: Zeus sabia que Pandora abriria a caixa, enquanto no mito hebreu parece que Deus não sabia se Adão obedeceria ou não à proibição divina de comer o fruto proibido. Ao compararmos a versões mitológicas análogas da cultura hebraica e da grega, não queremos valorizar uma e desvalorizar a outra, mas sim destacar o fato de que as tradições refletem o contexto cultural e religioso dos povos a que se destinam. A cultura hebraica jamais poderia supor que Deus pudesse também dar origem ao mal, visto que seria inadmissível que um Deus Bom e Justo pudesse originar o mal. A cultura grega jamais poderia admitir que o Deus Supremo pudesse ter um adversário e opositor, visto que um Deus Sábio e Poderoso não poderia ter sua obra obstruída por algum adversário. Sempre que aplicamos atributos e qualificações à Divindade, essas distorções são produzidas, porque as atribuições são qualificações antropomórficas feitas pelos próprios homens , que criam uma imagem de Deus, como uma imagem sublimada de si próprios, projetando nela as imagens e ideais mais valorizados pelas diversas sociedades humanas.
Fonte: http://www.sociedadeteosofica.org.br/bhagavad/site/livro/cap56.htm, pesquisado em 23/03/09.

Roteiro para reflexão

Segunda-feira, 23 de Março de 2009
Cinema na escola: A guerra do fogo
Neste sábado, dia 28/03/09, a partir das 08:00 h, tem cinema para as turmas de 1ª do Ensino Médio (matutino) do Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães de Irecê - Bahia.

Sobre o filme:


Descrição: A Guerra do Fogo conta a saga de uma tribo e seu líder, Naoh, que tenta recuperar o precioso fogo recém-descoberto e já roubado. Através dos pântanos e da neve, Naoh encontra três outras tribos, cada uma em um estágio diferente de evolução, caminhando para a atual civilização em que vivemos. Os sons e a linguagem embrionária do filme são criações do escritor Anthony Burgess, o mesmo de Laranja Mecânica. Mistura de ficção científica e aventura, o filme é uma perfeita reconstituição da pré-história, tendo como eixo a descoberta do fogo. Fantástico e visionário, o filme é uma aula de história e cinema.


Ficha técnica:

Título no Brasil: A Guerra do Fogo
Título Original: La Guerre du feu / Quest for Fire / The War of Fire
País de Origem: EUA / França / Canadá
Gênero: Aventura / Drama
Tempo de Duração: 100 minutos
Ano de Lançamento: 1981
Site Oficial: Estúdio/Distrib.:
Direção: Jean-Jacques Annaud





Roteiro para reflexão:


Com que intenção os personagens queriam manter o fogo?

Como era a alimentação e a habitação destes homens?


Que tipo de atividades econômicas aparecem no filme?

Aparece alguma espécie de arte no filme, se aparece, qual ou quais?

Que personagem passa de um estado de relações de dominância a um estado de relações emocionais descobrindo o amor?

Descreve um momento que indique que os personagens se apaixonaram.

Lançado em 1981, numa produção Franco-Canadiana, La Guerre du feu é uma longa metragem que trata de levantar hipóteses sobre a origem da linguagem através da busca de três homo sapiens para conseguirem uma nova fonte de fogo perdida pela sua tribo; o fogo é um elemento divino e tenebroso para eles. O delírio sobre como esses três guerreiros se relacionariam/comunicariam, encontrariam, disputariam e fariam interações subjectivas é a base do roteiro assinado por Anthony Burguess, foneticista e consagrado autor do livro Laranja Mecânica. Burguess faz crível as adaptações e linguagens usadas por aqueles hominídeos além de tornar compreensível toda uma história recheada de sons